A paz de espírito pode ser um valor difícil de conquistar para quem não a traz do berço e talvez seja o maior de todos os tesouros que possa ambicionar um ser humano.
É que a maioria o ignora e se perde em propósitos menores, às vezes, a vida todinha. Muita gente hoje em dia recorre a tratamentos químicos pesados para tentar encontrar a paz interior.
Alguns não alcançariam um mínimo de serenidade sem a gama de medicamentos que a indústria produz e aperfeiçoa há algumas décadas. A maioria, casos menos graves, bem que poderia buscá-la através de terapias e/ou técnicas de exercício físico e meditação que fazem parte do vastíssimo patrimônio cultural da humanidade.
Trazer à tona traumas e outros nós emocionais para que deixem de produzir efeitos danosos subterrâneos, derreter durezas, quebrar orgulhos também ajuda a pacificar e existe, em nossos dias, felizmente, um exército de terapeutas, psicólogos e psicanalistas capazes de ajudar nesse sentido. É mais trabalhoso, mas é mais sólido e duradouro e quase sem contra-indicações.
Os humanos, nas diversas civilizações, já tentaram de tudo, já manipularam as matérias e energias desse mundo das maneiras as mais inusitadas, um infinito de mantras, orações, massagens, aplicações, posturas, coreografias e tantas outras artes da voz, das mãos e do corpo para o corpo que nasceram, floresceram e se extinguiram na noite dos tempos sem deixar vestígios. Sendo assim, se temos a sorte de herdar, das velhas e atuais gerações, do oriente e do ocidente, essa imensa fortuna de modos de promover o bem estar e se, com humildade, nos dedicamos a adquiri-la, sessão após sessão, treino após treino, dia após dia, na base da prática constante e prolongada, podemos remodelar nosso corpo, reconduzir nossas potências musculares e psíquicas a um só tempo, considerando que elas compõem um todo inseparável.
Trabalhando com o outro e artesanalmente sobre si, podemos tentar incrementar esses poderes, controlá-los, canalizá-los para objetivos ilimitados, incluindo aí a promoção da saúde física e mental. Não faltam os meios já testados, outros podem ser inventados. Claro, qualquer ser humano tem seus dias. Há os piores, há os melhores para tudo. Nada o que façamos nos tornará deuses perfeitos imortais. Mas nos melhores momentos, eu mesmo já consegui, algumas vezes, acesso ao círculo da paz. Aí chegamos ao ponto. No instante em que minha alma alcança suspender, de algum modo, as pequenezas e misérias cotidianas que, em geral, geram tensão e disposição negativa, imediatamente ela se torna produtiva a um nível profundo. É como se eu tivesse apertado o botão que ativa o milagre da criação. Não sei se é assim com você, caro leitor/ouvinte.
Em pouco tempo, eclode um insight, a solução singela de uma equação, ou organiza-se um argumento que vagava disforme, ou brota uma história para contar, ou surge, do nada, como que necessária fosse, uma canção, dentre as tantas que aprendemos pela vida, vinda lá das profundezas. Em geral, não a ouvíamos há muito tempo, mas ela aparece de chofre cristalina, inteira, desde algum recanto paradisíaco da memória, uma dose perfeita de potente química sonora que atua em campos sutis do aparelho psíquico, trazendo lembranças correlatas, alterando o ritmo da respiração e a pulsação das veias, revolvendo humores, águas quentes subterrâneas que vão minar nos olhos.
Não é o racional que resgata tais essências debaixo da crosta grossa em que elas se encontravam, são movimentos alheios à vontade consciente, aleatórios como deslocamentos geológicos, mas que parecem possuir um fino sentido de escolha, pois quando a letra e a melodia vêm à superfície do ser, tem-se a sensação de que é a única, exata para o momento. Trata-se de ilusões certeiras que o organismo gera de forma pródiga, desde que o libertemos de certos entraves, os quais, tudo indica, são os mesmos que o privam da paz.
Nossa tarefa é procurar o estado íntimo em que a fonte da criação dá de jorrar e para tanto, existem métodos que possuem história, são fruto de acúmulo de conhecimento, a verdadeira riqueza da raça humana, aquela que pode ajudá-la a enfrentar suas terríveis contradições e quiçá impedir que se autodestrua.
Texto reproduzido do site Um parágrafo por vez
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